Poemas de amor para crianças de todas as idades


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Se um amigo lhe oferecer 54 poemas de amor em audiolivro de grande calibre; e se esses poemas, ditos por Changuito e musicados por Amélia Muge e António J. Martins, lhe provocarem uma ventaniazinha por dentro, exactamente no estômago do coração, isso é porque está a ouvir A Alegria de Gostar, de Jairo Aníbal Niño.


Por via das dúvidas, damos-lhe 10 exemplos:

1.
Quando cheguei da escola


Quando cheguei da escola,
tirei os sapatos,
deixei no chão a mochila onde trago livros e utilidades,
sentei-me no velho sofá de que gosto tanto,
chamei o meu gato para lhe dar mimo,
não quis almoçar nem falar com ninguém,
e fiquei a olhar para o retrato do Zico
que tenho colado à parede.
Do lado de fora da janela
passou uma cor tão rápida
que só consegui ver um nadinha de pássaro ou borboleta.
Saquei do bolso da camisa uma folha de caderno
onde ela tinha escrito o seu nome.
É trigueira, de tranças, chama-se Alejandra, ri-se lindamente,
e tem nove anos como eu.
Estuda no terceiro A,
e ao lembrar-me dela
senti uma ventaniazinha por dentro
como se me tivesse começado a doer
o estômago do coração.


2.
Fazes-me um favor


- Fazes-me um favor?
- Que tipo de favor?
- Guardas os meus aviõezinhos durante todo o recreio?
- Durante todo o recreio?
- Sim, que tu és o meu céu.


6.
Liliana


- Liliana, contaram-me
que preferes sair com o López
porque ele é um miúdo muito rico,
proprietário de muitas coisas.
Para que saibas,
Eu também sou muito rico;
Tão rico, que uma vez fui dono
De quinze cavalos de corridas.

- Mateo, olhando para ti, é incrível pensar
que alguma vez foste dono
de quinze cavalos.
Diz-me… eles correram
No hipódromo da capital?

- Não, Liliana.
Eles nunca correram no hipódromo.
Faziam-no perto da Ilha Grande,
No golfo de Morrosquillo.
Os meus quinze cavalos eram de mar.


10.
Depois da nossa visita


Depois da nossa visita ao jardim botânico
A professora deu-nos como tarefa
Falar sobre a arvorezinha mais bonita que tínhamos visto.
Um disse que era o cajueiro (Anacardium occidentale L.)
Outro afirmou que o nacedero (Ruellia gigantea).
Uma colega disse que era o sabugueiro (Sambucus nigra L.)
Outra sustentou que a aralia (Aralia capitata Mosq.)
Outro inclinou-se para a estrela de Caquetá (E. amazónica Linden)
E houve quem dissesse que era a lila (Barleria strigosa Willd).
Quando me perguntou eu não disse nada
E não porque não soubesse,
Já que estava completamente certo de que a mais linda,
Era a sedosa, brilhante e perfumada arvorezinha de cabelo
Da minha professora (Amalia Andrea Mateus L.)


36.
Quando me olho ao espelho


Quando me olho ao espelho
vejo a imagem de uma menina
alta e magra,
com ar de pássaro
que se alimenta unicamente
com as frutas da chuva.
Sou tão jovem
que penso que o meu coração
é uma boneca de trapos
que tem por coração
uma menina alta e magra
com ar de pássaro
que se alimenta unicamente
com as frutas da chuva.
Mas às vezes,
sinto-me muito antiga,
como naquele dia
em que o professor de história sagrada
nos falou do paraíso terrestre
e contemplei a tua cara sardenta
com uma melena na testa
e quando voltaste a cabeça
e me sorriste
a minha pele se pôs cor de maçã.


44.
Chegou à aula num 15 de Maio


Chegou à aula num 15 de Maio
- dia de chuva -
chegou e olhou-nos a todos docemente.
Sou a nova professora de filosofia, disse-nos.
Sorriu
e foi como se as gotas de chuva
que sobreviviam sobre o seu impermeável amarelo
se tivessem convertido em pensamentos.
A todos nos pareceu que era muito jovem para ser professora
- e demasiado, para ser professora de filosofia -
Comecei a pensar nela todas as tardes
no momento exacto em que na rádio
acabava um programa de desporto
e começava outro de canções.
Surpreendentemente ela esteve presente
na final do intercolegial de futebol.
Nessa ocasião estive inspirado no meio-campo
E fiz um dos golos que nos deram o triunfo.
Ela entregou-nos a taça de campeões.
Jamais esquecerei a minha professora de filosofia.
No dia do exame final,
ao apresentar-lhe o meu trabalho,
disse-me que me parecia com Sócrates.
Enchi-me de orgulho
e creio que os meus olhos se encheram de lágrimas.
Caminhei até à minha mesa
Como se fosse pelo ar, como uma pombinha.
Era o melhor elogio que tinha recebido na minha vida.
Eu, parecido com o Sócrates,
o grande jogador de futebol do Corinthians,
Sócrates B. S. de Souza Vieira de Oliveira,
O inesquecível centro-campista da selecção do Brasil.


47.
Ofereço-te esta gatinha


- Ofereço-te esta gatinha.
- Obrigado, mas não gosto de gatos, prefiro os peixes.
Sabes que há uns que se chamam telescópios.
- Esta é uma gatinha mágica.
- Mágica?
- Sim. Quando o tempo passar, e ela morrer, poderás fazer com a sua pele uma bola de futebol que terá a virtude de obedecer ao pensamento. Basta desejares e poderás meter todos os golos que quiseres.
- Não sei que pensar.
- O futebol é o que gostas mais na vida.
- Sim, mas… quem é que já viu uma bola de futebol feita de pele de gato?
- Michel Platini.
- Tens a certeza?
- Disse-mo o meu tio Esteban, que toca violino na filarmónica.
- Ouvi dizer que as cordas dos violinos são feitas com tripas de gato.
- E também com a pele de alguns se fazem bolas de futebol mágicas.
- Está bem, aceito-a.
- Ofereço-ta, mas com uma condição.
- Qual?
- Que não me esqueças nunca.
- Como é que te vou esquecer, se em cada golo me vou lembrar de ti?
- Está bem.
- E como se chama a gata?
- Margarida.
- Tem o mesmo nome que tu.
- Sim, e o apelido é Taça do Mundo.


51.
Ofereci-te um caracol


Ofereci-te um caracol no teu dia de anos.
Quando içaste a bandeira obsequiei-te outro cor de pérola.
Uma tarde, quando me dei conta de que estavas triste,
mandei-te pela minha irmã um caracol das ilhas.
Há uns dias, deixei-te um par de caracóis de rio,
dentro da tua carteira.
Ontem estive em tua casa e levei-te um caracol transparente,
tão belo e estranho
que parecia feito de ar endurecido.
Mesmo assim, a tua mãe enfureceu-se comigo
e gritou que jamais queria voltar a ver-nos
- nem a mim nem aos caracóis que te ofereço constantemente -
Ela não compreende
que eu
simplesmente,
estava a fazer uma escada de caracol
para chegar a ti.


52.
Se a Maria


- Se a Maria tem três maçãs
e dá uma ao Nicolás,
com quantas fica?

- Em que pensas, Nicolás?
Não sabes a resposta?

- Se a Maria me dá uma Maçã,
ainda me resta uma esperança.


54.
Não procures mais o teu caderno de geografia


Não procures mais o teu caderno de geografia.
Eu tirei-o da tua mochila.
Não quiseste ir à matiné comigo,
no domingo passado.
Os meus amigos contaram-me
que estavas acompanhada pelo Bermudez,
o grandalhão que pratica luta livre.
Contaram-me que estavas muito linda,
e que te rias a cada segundo.
Não procures mais o teu caderno de geografia
Agora que está a chover,
aproxima-te da janela,
e verás passar oitenta barquitos de papel
Não procures mais o teu caderno de geografia.


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