Publicadas há 38 anos no jornal
Record, entre 22 de Abril e 25 de Novembro de 1972, estas crónicas ganham agora novo fulgor na voz de Nuno Moura, poeta, recitador e jogador de bancada. São evocações dos tempos de iniciação futebolística de um infante conimbricense destinado a gloriosos feitos desportivos – não só foi o maior craque da Rua Guerra Junqueiro no que à bola diz respeito, como também em disputas de berlindes, botões, matraquilhos, guarda-chuva nos carris, corridas de bicicleta e tiro ao lombo (de gato), entre outras modalidades.
Além dos prélios infantis registados no caderninho de capa cinzenta, precioso auxiliar destas memórias, Fernando Assis Pacheco chegou mesmo a frequentar os relvados do Campo de Santa Cruz, enquanto júnior da sua “deusa dessa altura, amada, idolatrada, salvé Académica”, e, já homem feito, licenciado em germânicas, escritor e jornalista dos melhores, lisboeta de residência, apontou muita chincha em torneios de imprensa.
Da linhagem dos grandes cronistas de futebol, como Nélson Rodrigues, Fernando Assis Pacheco soube encher estes textos semanais, e tudo o que escrevia, daquela “autoparódia” que aprendeu com Camilo, da prosa certeira, inspirada e coloquial de que era o próprio mestre, do seu enorme afecto. Sobre ele nos falam nas páginas que se seguem Mário Zambujal, José Carlos Vasconcelos, Nuno Costa Santos e Nuno Moura (este último por tabelas autobiográficas).
Acrescente-se que nasceu em Coimbra a 1 de Fevereiro de 1937, filho de pai obstetra e mãe doméstica, neto de “um avô galego chegado a Portugal rapazinho/ outro de ao pé de Aveiro que se meteu/ num barco para S. Tomé a fazer cacau”. Foi marido da Rosarinho Ruela Ramos e pai da Rita, da Ana, da Rosa, da Catarina, da Bárbara e do João. Publicou vários livros de poesia – reunidos na antologia
Musa Irregular, com excepção de
Respiração Assistida (edição póstuma) –, a novela
Walt e o romance
Trabalhos e Paixões de Benito Prada. A ASA reuniu-lhe as entrevistas em
Retratos Falados e a Assírio & Alvim, há cinco anos, fez o mesmo com estas
Memórias de um Craque. Sobreviveu à guerra de Angola. Leu e viveu abundantemente. Morreu a 30 de Novembro de 1995, à porta da livraria Buchholz, em Lisboa.
(texto retirado do audiolivro
Memórias de um Craque)
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